A cena era por demais difícil
de suportar. Eu pessoalmente não esperava enfrentar situação semelhante. Dificilmente
poderia admitir que estivesse em uma região do plano astral. Fiquei profundamente
abalado ao presenciar o que se apresentava à minha visão espiritual.
-Mantenha-se em prece, meu irmão
– falou um companheiro da caravana de auxilio. – É imperioso que não cedamos
campo mental para sentimentos menos nobres. Evitemos baixar a nossa vibração,
elevando ao Pai as nossas preces em favor dos nossos irmãos infelizes.
-É um quadro bem difícil de
se ver. Afinal, o que fizeram estes espíritos para passarem por tanta angustia?
– perguntei, algo amargurado.
- São estes os nossos
companheiros que abusaram das energias da vida, através da sexualidade
desregrada ou da viciação pela droga destruidora. Aqui, no entanto, você presencia
apenas uma fase de sua vida extrafísica. Para alem deste vale, impera a
licensiosidade, o desregramento sexual, as paixões aviltantes que denigrem o espírito
imortal. Quando o espírito se localiza em regiões quais estas que estamos
vendo, já grande mudança se processou em seu estado intimo. O sofrimento que
percebemos nestes nossos irmãos é, na verdade, o resultado do expurgo dos
fluidos mórbidos acumulados em seu perispirito desde longo tempo. É necessário que
estagiem nestas zonas de transição a fim de que se exsudem de seu corpo
espiritual os venenos acumulados nas suas delicadas células, pelas suas
posturas intimas menos dignas. O solo astral, com sua matéria viscosa, como vê
neste vale, funciona como um exaustor, que suga do corpo espiritual a carga
toxica mental acumulada, preparando o espírito para ser acolhido pelos
companheiros que servem sob a égide do Cristo de Deus e que aqui vem lhes
trazer o balsamo e o alivio.
-Quer dizer que existem
lugares piores do que estes? Isso assemelha-se ao inferno descrito pela igreja.
– falei, assustado.
-Na verdade, o inferno
começa dentro de nós mesmos, quando transgredimos a Divina Lei. No entanto,
como em qualquer situação do plano extrafísico, vemos apenas, na paisagem, a
projeção do estado intimo de cada espírito que aqui estagia; mas, longe de ser
um estado definitivo, em breve serão transferidos para instituições de socorro
do espaço, onde serão mais especificamente tratados, de acordo com cada caso.
-Por que não retiramos logo
daqui? Afinal, não viemos em missão de socorro? – tornei a perguntar.
-Calma, meu irmão – falou o
companheiro espiritual. – Tudo tem seu tempo. “A cada um segundo suas obras”, é
o que falou o Divino Mestre. Na verdade,
nós não viemos aqui em nenhuma missão salvacionista. Somos todos meros
aprendizes da escola do bem servir. Outras equipes trabalham para alem das
montanhas deste vale, localizando almas que já se encontram iniciando o caminho
do arrependimento. Mais tarde serão trazidas para cá, expurgando neste vale
sombrio os tóxicos e resíduos acumulados como fuligem nas células do
perispirito. Nossa tarefa, por enquanto, consiste em analisar o estado dos
companheiros que já se encontram aqui, há algum tempo, observando quais deles
poderão ser removidos para as dependências da nossa instituição, nas regiões superiores,
para tratamento especializado.
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