sexta-feira, 8 de junho de 2012

Curas Materiais Parte II


Sendo Deus misericordioso e bom e tendo Jesus Cristo nos afirmado que o Pai faz a chuva beneficiar justos e injustos e o sol brilhar sobre bons e maus, por que razão somos submetidos às tribulações e aflições da vida terrena?
À luz da lei da reencarnação tudo se esclarece. Ninguém sofre sem justa causa. Se as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Se somos Espíritos que contraímos débitos nas vidas pretéritas, é lógico que devemos passar por um processo expiatório.
“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”; nestas palavras de Jesus, dirigidas a Pedro, define-se claramente todo o processo de reajustamento do Espírito. Com o mesmo instrumento ou pela forma que usamos para ofender o nosso próximo, seremos atingidos, senão na mesma vida, pelo menos nas vidas futuras do Espírito na carne. Tudo aquilo que fizemos de mal contra o nosso próximo, passa a se constituir em debito perante a justiça divina, e, mais cedo ou mais tarde, nesta ou em vidas subsequentes, teremos de experimentar as consequências do mal cometido, mais ou menos nas mesmas proporções, e até com os métodos utilizados por nós.
Considerando-se que somos almas em continuo processo de aprimoramento, para que possamos, um dia, ascender às elevadas regiões da Espiritualidade, onde não haverá mais choro nem ranger de dentes, onde as lagrimas se secarão, e “onde a morte será tragada pela vitoria”, segundo a sábia afirmação de Paulo de Tarso, toda e qualquer alteração em nosso status de vida, salvo raras exceções, equivaleria a nos subtrair os instrumentos adequados para aquele aprimoramento.
Eia a razão pela qual Jesus Cristo também não curava a todos que o buscavam. No meio de imensa multidão de doentes de todos os matizes, ele curou apenas uma mulher que sofria há doze anos de penosa hemorragia. O Mestre não estendia as mãos e curava a todos indistintamente, o que representaria a subtração dos instrumentos, de que cada um é dotado, para resgatar as suas faltas no quadro da lei, colimando assim a cura da alma.
Uma vez que as dores e as aflições da vida terrena são veículos portentosos para a redenção da alma, segundo o que está explicito no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os aflitos porque deles é o reino dos céus”, conclui-se que somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que o Mestre promete aos sofredores da Terra.
O Cristo era procurado diariamente por milhares de sofredores. Os Evangelhos registram que em certos dias Ele conseguia reunir em sua volta cinco mil pessoas, e, no entanto, podem-se dizer que não foram muito além de uma centena as curas materiais por Ele praticadas:uma dezena de leprosos, dois ou três cegos, um surdo-mudo, quatro a cinco possessos de Espíritos inferiores, uma mulher que vivia curvada, uma outra que sofria penosa hemorragia, um homem com a mão mirrada, alguns poucos paralíticos e três pessoas acometidas de catalepsia, cujos Espíritos não estavam completamente desligados do corpo e o Senhor os fez se integrarem nele e algumas outras.
O seu objetivo primário era prescrever o lenitivo para a cura das enfermidades da alma. A fim de propiciar condições para ensinar esse remédio aos sofredores, ele fazia uso das curas materiais, pois sabia que os homens preocupam-se mais com as curas repentinas, de efeito transitório, mas que se conseguem a curto prazo, do que com as curas permanentes, que só se colimam a longo prazo. A produção dessas curas materiais fez com que a sua fama se espargisse com grande rapidez, os homens passassem a procurá-lo para se beneficiarem delas, e Ele tinha então a oportunidade de proceder à semeadura das palavras e ensinamentos que levariam, mais cedo ou mais tarde, à cura espiritual e permanente, curas que o Mestre tinha no mais alto apreço, como aquelas acontecidas com Maria de Betânia, Zaqueu, Paulo de Tarso e Maria Madalena.
Deve-se ainda considerar que os casos de curas materiais, registrados nos Evangelhos, aconteceram com pessoas que já vinham sofrendo há longos anos, e que já estavam quase reajustadas perante a lei divina: o paralitico de Betsaida estava acometido da enfermidade há 38 anos; a mulher que sofria do fluxo de sangue, há 12 anos vinha esgotando todos os seus recursos; o cego de nascença já tinha idade, e portanto era cego há mais de 25 anos; a mulher que vivia curvada, o era há mais de 18 anos; os dez leprosos já eram homens de certa idade e obviamente há muitos anos eram portadores daquela doença. É notório, pois, que 12 a 38 anos de sofrimentos talvez fossem suficientes para que aquelas almas encarnadas resgatassem suas faltas pretéritas e se ajustassem perante a lei, recebendo a cura completa através da interferência direta de Jesus Cristo.
Texto retirado do Livro: Os Padrões Evangélicos de Paulo Alves Godoy FEESP;

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