Pare de reclamar do Trabalho!!!
Parte
II
Paulo foi um desbravador, um
pioneiro que enfrentou a fúria de seu tempo, as lideranças pagãs de um sistema
que, hoje, já viu muito de sua força se esvair. A civilização contemporânea, a
organização social que conhecemos, no que tange à religião, e mesmo à política,
na minha modesta opinião, deve sua existência à força de trabalho do guerreiro
Paulo de Tarso. Foi ele um dos que mais influenciou o mundo ocidental com a
atuação e o exemplo de perseverança que ofereceu, além da dedicação inquebrantável
àquilo em que ele acreditava e às verdades relativas que pregou em seu tempo. Colhemos
na modernidade os frutos de um trabalhador notável, um bandeirante que soube
utilizar os instrumentos que Deus lhe deu e multiplicar os resultados por meio
da perseverança e da dedicação.
Observo, com bastante frequência,
aqueles que assumiram alguns compromissos, às vezes a liderança de algum
projeto, uma empresa ou qualquer outro empreendimento. Noto como costumam
resmungar, sobretudo os que dirigem tais tarefas, reclamando que tem de deixar
certas regalias, certos costumes e mesmo algumas situações de fato importantes
para si, em função do compromisso maior – o trabalho -, que se afigura prioritário.
Mas quero ponderar, lembrando que, no mundo, não podemos ter tudo o que
desejamos; desconheço quem, entre os mortais, possa ter e administrar tudo o
que quer, simultaneamente, sem abrir mãos de alguma coisa.
Quando consideramos o
trabalho profissional e o trabalho espiritual, aí sim, temos de convir que não há
como conciliar muitas coisas que, aos olhos do sistema em que estamos
inseridos, parecem normais e comuns. De fato, faz-se necessário abdicar de
diversas coisas de que gostamos e que julgamos importantes: às vezes,
sacrificam-se o lazer, a diversão, o esporte ou alguns momentos de vida social
em função do ideal, do trabalho que administramos, abraçamos e nos foi
confiado. Como se sabe, não há mais do que 7 dias na semana nem mais do que 365
dias do ano. Dessa forma, a dedicação a uma empresa, a uma tarefa de caráter espiritual
ou a um ideal inevitavelmente ocupará a maior parte de nossas horas, nossas
forças e nosso dia a dia. E não digo que estejamos perdendo tempo; pelo
contrario, estamos investindo-o, e não só o tempo, mas também a vida, as
energias e a juventude de que dispomos em algo muitíssimo maior do que podemos
aquilatar.
Se, por um lado, semelhante
empreitada exige dedicação integral e perseverança de nossa parte, por outro,
pode nos ensinar a abrir mão ao menos de uma parcela da rebeldia que
carregamos, visando encontrar prazer e satisfação no exercício mesmo de nossa
ocupação. Se porventura nos vemos impelido de frequentar o meio social apreciamos
em função das atividades de frequentar o meio social que apreciamos em função
das atividades assumidas, descubramos, durante sua execução, um método diferente
e mais agradável de nos relacionarmos uns com os outros. Caso não consigamos
praticar o esporte que gostaríamos devido à necessidade de dedicar-nos ao ideal
e às obrigações, que reclamam maciça aplicação de tempo e de forças, procuremos
transformar os momentos de labor em algo o mais agradável possível – sabendo, é
claro, que tudo no mundo demanda esforço, investimento e persistência. E não adianta
rebelar-nos contra esse sistema. Nossa revolta, rebeldia ou insubordinação
serão inócuas e apenas nos farão, aos olhos de quem convive conosco, pessoas
amargas, intragáveis; insuportáveis, muitas vezes.
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