quarta-feira, 20 de junho de 2012


Pare de reclamar do Trabalho!!!

Parte II
Paulo foi um desbravador, um pioneiro que enfrentou a fúria de seu tempo, as lideranças pagãs de um sistema que, hoje, já viu muito de sua força se esvair. A civilização contemporânea, a organização social que conhecemos, no que tange à religião, e mesmo à política, na minha modesta opinião, deve sua existência à força de trabalho do guerreiro Paulo de Tarso. Foi ele um dos que mais influenciou o mundo ocidental com a atuação e o exemplo de perseverança que ofereceu, além da dedicação inquebrantável àquilo em que ele acreditava e às verdades relativas que pregou em seu tempo. Colhemos na modernidade os frutos de um trabalhador notável, um bandeirante que soube utilizar os instrumentos que Deus lhe deu e multiplicar os resultados por meio da perseverança e da dedicação.
Observo, com bastante frequência, aqueles que assumiram alguns compromissos, às vezes a liderança de algum projeto, uma empresa ou qualquer outro empreendimento. Noto como costumam resmungar, sobretudo os que dirigem tais tarefas, reclamando que tem de deixar certas regalias, certos costumes e mesmo algumas situações de fato importantes para si, em função do compromisso maior – o trabalho -, que se afigura prioritário. Mas quero ponderar, lembrando que, no mundo, não podemos ter tudo o que desejamos; desconheço quem, entre os mortais, possa ter e administrar tudo o que quer, simultaneamente, sem abrir mãos de alguma coisa.
Quando consideramos o trabalho profissional e o trabalho espiritual, aí sim, temos de convir que não há como conciliar muitas coisas que, aos olhos do sistema em que estamos inseridos, parecem normais e comuns. De fato, faz-se necessário abdicar de diversas coisas de que gostamos e que julgamos importantes: às vezes, sacrificam-se o lazer, a diversão, o esporte ou alguns momentos de vida social em função do ideal, do trabalho que administramos, abraçamos e nos foi confiado. Como se sabe, não há mais do que 7 dias na semana nem mais do que 365 dias do ano. Dessa forma, a dedicação a uma empresa, a uma tarefa de caráter espiritual ou a um ideal inevitavelmente ocupará a maior parte de nossas horas, nossas forças e nosso dia a dia. E não digo que estejamos perdendo tempo; pelo contrario, estamos investindo-o, e não só o tempo, mas também a vida, as energias e a juventude de que dispomos em algo muitíssimo maior do que podemos aquilatar.
Se, por um lado, semelhante empreitada exige dedicação integral e perseverança de nossa parte, por outro, pode nos ensinar a abrir mão ao menos de uma parcela da rebeldia que carregamos, visando encontrar prazer e satisfação no exercício mesmo de nossa ocupação. Se porventura nos vemos impelido de frequentar o meio social apreciamos em função das atividades de frequentar o meio social que apreciamos em função das atividades assumidas, descubramos, durante sua execução, um método diferente e mais agradável de nos relacionarmos uns com os outros. Caso não consigamos praticar o esporte que gostaríamos devido à necessidade de dedicar-nos ao ideal e às obrigações, que reclamam maciça aplicação de tempo e de forças, procuremos transformar os momentos de labor em algo o mais agradável possível – sabendo, é claro, que tudo no mundo demanda esforço, investimento e persistência. E não adianta rebelar-nos contra esse sistema. Nossa revolta, rebeldia ou insubordinação serão inócuas e apenas nos farão, aos olhos de quem convive conosco, pessoas amargas, intragáveis; insuportáveis, muitas vezes.

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