“Disse-lhe
Pilatos: Que é a verdade?” (João, 18:38)
Afirma
o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio
com Jesus Cristo, perguntou-lhe: “Logo tu és rei?”, indagação que mereceu do
Mestre a seguinte resposta: “Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e
para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é
da verdade ouve a minha voz”.
Entretanto,
como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos
da verdade, houve naquela hora um inicio de tumulto no pátio do Pretório,
provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a egide dos escribas, dos
fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles
interessados na crucificação do tão esperado Messias.
A
pergunta ficou, portanto sem resposta, uma vez que as trevas, se fazem sentir
sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do
esclarecimento ameaça brilhar.
Talvez
o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia
compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não
trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício.
Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na
consumação do hediondo sacrifício da cruz.
Evidentemente,
Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade
apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante
do Império não podia acietar como expressão da verdade o seguintes ensinamentos
ministrados pelos escribas;
-Teria
o mundo sido criado em seis dias?
-Teriam
Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?
-Teria
realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um
motricínio?
-Como
poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o “não matarás”, e
ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?
-Se
Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como
poderia ele constituir uma família e ter descendentes?
-Teria
realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?
-Poderia
a mulher de Lot transformar-se numa estatua de sal?
Com
que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse
abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia
ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como
alimentá-los durante quarenta dias?
Desconhecendo
Pilatos a interpretação dessas narrativas sob o bafejo do Espírito, é evidente
que não podia também aceitá-las como verdadeiras.
De
forma idêntica, não podia o Procônsul
entender como poderia ser “eleita” de Deus uma casta sacerdotal eivada
de sentimentos felinos e de interesses profundamente políticos e mundanos.
Como
conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os
resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos
atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer
parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e
fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lidimas expressões dessa mesma
verdade?
O
Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu
papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando
ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os
sistema e métodos alicerçados sobre a mentira. Tudo aquilo que não for
representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.
Não
tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade,
o Espiritismo vem agora, na hora propicia, quando os tempos são chegados, fazer
com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até
agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o
fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e ódio.
O
Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não
somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.
Fonte> Os padrões evangélicos por Paulo Alves Godoy da FEESP;
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